Trata-se da fratura da região superior do osso da coxa. Pode ter atingimento intracapsular ou extracapsular. A localização da lesão ao nível do colo/ cabeça do fémur é determinante para o tipo de tratamento a realizar.
Fratura do Colo do Fémur
A maioria ocorre em pessoas idosas com ossos enfraquecidos pela osteoporose, em resultado de traumatismos de baixa energia. Em jovens normalmente são decorrentes a traumatismos de alta energia como acidentes de viação. A região superior do fémur é composto pela cabeça, colo e pela região trocantérica. A anca é uma articulação constituída por uma esfera que encaixa numa cúpula: a esfera é a cabeça do fémur e a cúpula é o acetábulo (que faz parte da bacia).
Caracteriza-se por dor aguda ao nível da virilha ou região superior coxa com incapacidade para mobilizar anca ou joelho, apoiar o pé no chão ou fazer marcha. Muitas vezes está associada a encurtamento e rotação do membro afetado. A maioria das vezes os doentes são encaminhados de ambulância para o hospital. Em casos esporádicos, tipicamente nas fraturas sem desvio, os doentes podem conseguir mobilizar o membro e até mesmo fazer carga embora com dor associada. A maioria destas fraturas podem ser diagnosticadas com uma radiografia simples da bacia. Pequenas fraturas, fraturas incompletas e fraturas sem desvio são detetadas apenas com o recurso a tomografia computorizada ou ressonância magnética do fémur proximal.
A generalidade das fraturas do colo do fémur necessitam de tratamento cirúrgico, idealmente nas primeiras 48 horas. O objetivo do tratamento cirúrgico é aliviar a dor e permitir o levante precoce possível de modo a diminuir as complicações inerentes ao alectuamento. Apenas um pequeno subgrupo de doentes sem condições médicas para cirurgia ou anestesia são tratados conservadoramente.
Estas fraturas podem ser divididas em três tipos, com importantes implicações no tratamento cirúrgico adotado:
– Subcapitais: fraturas intracapsulares (dentro da articulação).
a) sem desvio: fixação com parafusos através da fratura, de modo a segurar a cabeça do fémur no sítio enquanto a fratura consolida.
b) com desvio: prótese da anca. O suprimento sanguíneo da cabeça do fémur encontra-se comprometido pelo que a cabeça do fémur deixa de ter viabilidade. Em pessoas mais idosas e com baixa demanda funcional pode ser substituído apenas o fémur – prótese parcial da anca. Em pessoas mais jovens e ativas é substituído o fémur e o acetábulo – prótese total da anca.
– Trocantéricas: fraturas abaixo do colo do fémur (fora da articulação). São tratadas com dispositivos de fixação óssea como cavilhas (dentro do osso) ou sistemas de placas e parafusos (à superfície do osso).
– Subtrocantéricas: fraturas entre o pequeno trocânter e 5 cm abaixo do mesmo (fora da articulação). São tratadas, à semelhança das trocantéricas, com dispositivos de fixação óssea como cavilhas (dentro do osso) ou sistemas de placas e parafusos (à superfície do osso).
Após o tratamento cirúrgico é importante começar a mobilização o mais rápido possível de forma a evitar complicações médicas (desorientação, trombos/ coágulos, pneumonia ou úlceras de pressão). O tempo total de recuperação é muito variável e depende do estado geral do paciente, tipo de fratura e tratamento realizado.
