Necrose Avascular da Cabeça do Fémur (NAV)

NAV ou Osteonecrose da Anca

A necrose avascular da cabeça do fémur (NAV) ou osteonecrose da anca, ocorre quando por qualquer condição, o aporte sanguíneo da epífise proximal do fémur (a cabeça femoral), deixa de ser eficaz, conduzindo a um estado de insuficiência de aporte de sangue à mesma, levando a um processo de hipóxia e morte (necrose) do tecido ósseo podendo evoluir para colapso da cabeça. Como consequência a cartilagem que reveste a cabeça femoral também colapsa, podendo dar origem ao aparecimento de artrose da anca.

Apesar de muitas das vezes não se chegar a identificar a causa efetiva do défice de aporte sanguíneo para a cabeça do fémur, há vários fatores de risco identificados e que podem levar ao aparecimento da NAV. Traumatismos (como luxações da anca, fraturas do fémur, traumatismos indiretos violentos, entre outros), hábitos alcoólicos excessivos, terapêutica prolongada com corticoesteróides, doenças do sangue (anemia de células falciformes), doenças reumatológicas, infeções (HIV), tratamentos com radioterapia (adjuvante de patologia tumoral), doenças médicas (pancreatite, hipercolesterolémia, diabetes mellitus, entre outras) são aqueles frequentemente implicados.

A NAV desenvolve-se por fases. O sintoma cardinal e o primeiro a aparecer é a dor na anca que surge na virilha ou na região glútea profunda. Com o desenvolvimento da doença é cada vez mais difícil a pessoa levantar-se e fazer carga no membro afetado. Normalmente a mobilização da anca nesta fase desperta dor. A progressão da doença pode levar meses a anos. Nos estadios iniciais, a mobilidade da anca pode ser relativamente normal, mas com a progressão da doença, colapso da superfície da cabeça femoral e progressão para a artrose da anca, a mobilidade articular fica diminuída. Os exames necessários para o diagnóstico são o raio-x simples da anca e bacia bem como a ressonância magnética da anca.

O tratamento pode ser médico ou cirúrgico.

Dentro do primeiro, são utilizados fármacos como anti-inflamatórios, analgésicos e vasodilatadores periféricos, para além da recomendação de descarga com canadianas e mudança na atividade diária. Estas medidas podem ajudar a controlar a dor e a diminuir a progressão da doença.

Dentro do segundo grupo, existem alternativas cirúrgicas conservadoras (com preservação da anca nativa) quando a doença é diagnosticada nos seus estadios mais precoces e antes de haver colapso da cabeça femoral e alternativas artroplásticas (com substituição da anca). Algumas técnicas conservadoras podem estar indicadas nomeadamente a descompressão do core, enxertos osteocondrais ou enxerto de peróneo vascularizado. A substituição articular através de uma prótese total da anca acaba por ser o tratamento mais eficaz quando há colapso da cabeça femoral.

.