Os músculos posteriores da coxa compreendem o bicípite crural, o semi-tendinoso e semi-membranoso. Têm como função principal a flexão do joelho, sendo ainda extensores secundários da anca. Estes músculos inserem-se no ísquion, a eminência óssea mais inferior e posterior da bacia. Na posição sentada, o apoio do peso corporal é executado pelos ísquions. Adjacente a estas estruturas corre o nervo ciático. Percebe-se assim, que nos casos de patologia testes tendões, possa ocorrer irritação do nervo ciático.
Tendinopatia dos Ísquio-tibiais e Bicípite Crural
A lesão pode ocorrer de forma aguda, com rotura na junção mio-tendinosa. Menos frequente, o tendão rompe ou arranca uma porção óssea no ísquion. O mecanismo típico de lesão é o de contração excêntrica das cadeias musculares, na posição em que os tendões estão mais esticados, como acontece num esquiador aquático, com flexão da anca e extensão do joelho. Pode ocorrer ainda de forma sub-aguda, com traumatismos repetitivos, originando um processo de tendinose.
As roturas agudas cursam com dor súbita e sensação de “estalo” ou “chicotada”. O hematoma é muitíssimo exuberante, podendo ser visível em toda a nádega, coxa, perna ao longo de uma grande extensão. Nos casos de rotura completa, a flexão do joelho é difícil, mesmo contra baixa resistência. Nas tendinopatias crónicas é frequente a dor progressiva na flexão ativa do joelho ou durante os alongamentos. Pode ocorrer desconforto em repouso na posição sentada por períodos prolongados. Havendo compressão e inflamação a nível do nervo ciático, as queixas neurológicas podem dominar o quadro clínico com dor irradiada até ao pé, dormência/ formigueiros ou perda de força.
Na fase aguda, o tratamento conservador com analgesia, gelo e repouso é o mais recomendado. Progressivamente pode dar lugar à fisioterapia e reforço muscular progressivo.
Nos casos de rotura com persistência de queixas apesar do tratamento conservador, o tratamento cirúrgico com fixação e ancoragem do tendão conjunto poderá estar indicado por via mini-invasiva ou artroscópica nas roturas recentes, ou via aberta, nos casos com retração significativa dos tendões. Sempre que exista a possibilidade de existirem aderências cicatriciais ao nervo ciático, este deve ser libertado cuidadosamente por forma a evitar queixas neurológicas persistentes.

