Uma cirurgia de revisão de prótese da anca é realizada sempre que é necessário reparar ou substituir uma prótese (ou parte da prótese) que com o tempo deixou de funcionar e/ou provoca dor devido a: infeção, instabilidade (“sair do sítio”), desgaste pelo uso, descelamento (“implante solto”) ou fratura (do implante ou do osso em redor do implante).
O objetivo dessa cirurgia é corrigir o problema para que a anca volte a funcionar normalmente outra vez. O principal obstáculo e desafio destas cirurgias é a “falta de osso”, ou seja, a destruição óssea quer pela causa da falência quer pela remoção dos implantes no momento da revisão. A sua complexidade varia muito dependendo da causa da falência e pode ir desde a simples substituição de um “plástico gasto” (polietileno) até à remoção total da prótese e substituição por outra (no mesmo tempo cirúrgico ou algumas semanas após) no caso de uma infeção.
A cirurgia tem dois grandes momentos que devem ser planeados meticulosamente:
Primeiro: remoção do implante(s) deficiente(s) e preservação dos implantes competentes. Este é muitas vezes o momento mais complexo da cirurgia de revisão. O seu objetivo principal é remover apenas os implantes que precisam de ser substituídos e neste processo causar a menor lesão possível na estrutura óssea da articulação para facilitar a fase seguinte.
Segundo: reconstrução da “nova” articulação. Embora o momento da remoção dos implantes seja importante no resultado da cirurgia de revisão, esta é na sua essência uma cirurgia de reconstrução.
Em relação à abordagem cirúrgica esta deve ser adequada a cada caso e planeada em função do objetivo… que implantes remover? Que reconstruções são necessárias… Acetabulares? Femorais? Ambas? A via de abordagem por excelência para a cirurgia de revisão é a via posterior (corte na face posterior da anca na zona do glúteo com cerca de 15 a 20 cm… esta pode ser estendida consoante o objetivo da cirurgia). Em casos selecionados é possível usar a via usada na primeira cirurgia ou usar uma via diferente para facilitar a revisão.
Em relação ao material disponível (ao contrário da prótese primária) ele é extremamente variado e complexo… dividindo-se de uma forma simplista em material de reconstrução acetabular (redes, cages, cups multi-furos, aumentos e batentes) e material de reconstrução femoral (hastes modulares, hastes tipo Wagner, hastes com fixação distal, placas trocantéricas e cabos de aço)… até material customizado (implantes produzidos especificamente para cada caso).
Apesar da via de abordagem e material utilizado, o sucesso de uma cirurgia de revisão depende na sua grande maioria do diagnóstico correto da causa de falência da prótese e planeamento da sua solução. A dor é o sinal de alarme sobretudo numa prótese que não doía! Uma prótese da anca dolorosa tem que ser investigada para despistar qualquer uma das causas de falência e eventual cirurgia de revisão.





